Zé Neves elogia Porchat e afirma que a internet “é o caminho” para driblar a censura ao humor

  • Por Jovem Pan
  • 09/04/2014 14h04
Jovem Pan

Nos últimos anos, um nome relativamente novo tem se destacado na stand-up comedy de São Paulo. Trata-se de Zé Neves, humorista que comanda um programa de rádio em Campinas, interior do estado, e apresenta espetáculos solo ao redor do Brasil. Em entrevista ao Pânico nesta quarta-feira (9), ele contou detalhes de sua trajetória e falou sobre o atual cenário do humor no país, ressaltando que a censura existe, sim, e o melhor caminho para driblá-la é a internet.

“Pego muitas referências de comediantes de outros países. Tem um norte-americano muito bom, que gosto muito. Na época do ataque às Torres Gêmeas, ele disse: ‘quanto tempo tenho que esperar para brincar com isso e não ser sacanagem?’. Achei ótimo. No Brasil isso é muito difícil. Acho que a internet pode ser um caminho. O [Fábio] Porchat lançou uma série recentemente na web que é sensacional. Ele fala sobre AIDS, um tema super delicado, e fica leve”, explicou.

Por essas e outras, ele revelou que tem planos de investir mais em conteúdos online daqui para frente. Ao mesmo tempo, não descarta possíveis trabalhos na televisão.

“Tenho dois vídeos que rodaram no Whatspp e no YouTube e bombaram muito. Acho que vou começar a migrar, fazer mais material para esses meios. E tudo na carreira de humorista é consequência. Se eu tiver a oportunidade, vou encarar a televisão também”, afirmou.

Por mais curioso que seja, Zé esteve por vários anos em um emprego bastante burocrático: como bancário responsável por liberações de FGTS. “Zé Graça” desde sempre, como ele mesmo se intitula, foi percebendo aos poucos que deveria mudar radicalmente de vida.

“Eu vivia fazendo piadas, aí comecei a fazer alguns shows de comédia em paralelo ao banco. Até que um dia pintou a proposta de fazer uma apresentação no Nordeste. Era uma grana boa, uma boa oportunidade. Falei para meu chefe, mas ele não me deixou ir. Foi aí que decidi pedir licença”, lembrou.

Diferente de outros profissionais do ramo, ele afirmou que encara o stand-up como uma peça de teatro. Mesmo sendo mais aberta a improvisações e Zé Neves elogia Porchat e afirma que a Internet é caminho para driblar censmudanças de roteiro, ela, segundo ele, é formada por um ator que está interpretando um texto em cima do palco.

“A pessoa não percebe, mas estamos interpretando ali. É um teatrinho sem fantasia e maquiagem que tem a meta de fazer a galera dar risada. Ontem, por exemplo, fiz um show no Risadaria (evento realizado no Conjunto Nacional, em São Paulo) e uma menina chegou chorando para mim depois. Ela disse que estava em um momento difícil, enfrentando uma morte, e me agradeceu porque tinha conseguido se esquecer de tudo por 15 minutos. É isso”, disse.

Durante sua participação no programa, o convidado também contou uma série de piadas que estão presentes em seu repertório, incluindo uma das mais famosas, a do “conversor automático de opinião das mulheres”.

“Todas as mulheres nascem com esse conversor. Ele está no meio da cabeça delas, nenhuma cirurgia pode tirar. E é acionado quando batem a porta do carro. Vou explicar. A mulher vai ao casamento de uma amiga, por exemplo, e elogia tudo: ‘você está linda, a festa está linda, o vestido está lindo, arrasou na comida, na decoração’. Aí ela vai embora, entra no carro, fecha a porta e começa: ‘que cafona! Como ela estava gorda! Tinha madrinha de anabela! A comida estava horrível! As flores estavam murchas!’ (risos)”, brincou.

Confira a íntegra no áudio.

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